Os emoglifos

Foi no passado dia dezassete de Julho que se assinalou, em 2023, o "Dia Mundial do Emoji". Mas foi já em Dezembro de 2019 que o Museu de Israel, em Jerusalém, abriu ao público a exposição "Emoglyphs". Ora, limito-me a citar (depois de traduzir, claro) o texto na página a ela dedicada que o sítio do museu na "Internet" então publicou: "A escrita hieroglífica nasceu no Egipto há cerca de cinco mil anos. Inicialmente composta por centenas de imagens, a passagem do tempo ditou que essas mesmas imagens fossem substituídas por um código escrito contendo aproximadamente vinte sinais que constituem, ainda hoje, a cultura ocidental escrita*. Ora, poderia parecer, em dado momento da História, que a escrita através de imagens – ou, se se quiser, símbolos – havia sido abandonada para sempre. No entanto, num século XXI essencialmente digital, a imagem/símbolo – agora designada por emoji – "regressou à escrita com toda a força". Assim, esta exposição ‘percorre’ os milhares de anos que ‘separam’ a Antiguidade da Contemporaneidade através da exibição de um fundo de descobertas com origem no Antigo Egipto e o uso moderno de emoji’s: filmes e espaços multimédia explicam como na "Idade das Pirâmides" bem como na "Idade Cibernética" actual as imagens/símbolos podem ser a base de um complexo sistema de comunicação visual. Muitos dos objectos aqui expostos – entre eles vários que podem ser vistos pela primeira vez –, integram o espólio do Museu de Israel enquanto que outros provêm de uma colecção privada com origem na capital do Reino Unido". Acrescento que no mês de Outubro de 2019 o consórcio que regulava a utilização de emoji's – o norte-americano Unicode Consortium – aprovou a utilização de cento e sessenta e oito novos emoji's: penso – como pensei então – que seria, de resto, muitíssimo interessante analisar-se os já mais de três mil emoji's existentes a partir de uma perspectiva geopolítica… * Escreveu, há quase meio século, o autor francês Gilbert Lafforgue no seu livro "A alta antiguidade das origens a 550 a. C." o seguinte: "Esta invenção [a escrita], que substitui a infiel tradição oral e permitirá assim um dia o aparecimento da literatura e das ciências, é, com a agricultura, a mais importante da História. (...) Surgida em primeiro lugar na Mesopotâmia (cerca de 3500 a. C.), depois no Egipto (cerca de 3200 a. C.), a escrita será adoptada ou reiventada por todos os Estados ricos".

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