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O futuro do regresso

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Inaugurou-se, há cerca de um ano, no "Pavilhão do Conhecimento - Centro Ciência Viva", em Lisboa, a exposição "Dinossauros - O Regresso dos Gigantes". Assim, creio que este título expositivo poderia ocasionar também, pelo menos, a elaboração de duas outras exposições – "Mamutes - O Regresso dos Gigantes" e "O Regresso dos Dodós", por exemplo. Efectivamente, há mais de um ano que li que a CIA, a "Central Intelligence Agency" norte-americana, havia investido numa empresa cujo objectivo comercial era 'resgatar' algumas espécies animais – como a dos referidos mamutes, precisamente – já extintas através do recurso à engenharia genética (recordo que a extinção dos mamutes ocorreu há milhares de anos). Mas foi, no entanto, há muito menos tempo que também li que uma empresa "start-up" igualmente norte-americana pretendia ‘recuperar’ uma espécie de aves que não voava chamada "Dodó": trabalhando em parceria com um

Os antepassados do epíteto

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A selecção masculina de futebol da Mauritânia (que participou, aliás, na edição de 2024 da "Taça das Nações Africanas", a CAN) tem – como, de resto, muitas selecções de futebol em todo o mundo – uma espécie de designação identificativa: os (cada jogador, pois) "Mourabitounes". Referência a uma antiga dinastia muçulmana, a Almorávida, surgida no Norte de África no século XI. Muito depois, portanto, do desaparecimento da "Mauritânia Tingitana", a província do Império Romano no Noroeste do continente africano (correspondendo actualmente à área designada "Norte de Marrocos") e do relato que fez ao papado de então (do século XV) o bispo de Évora sobre as acções portuguesas aí desenvolvidas… E também muito depois da existência de uma moeda cunhada em Portugal com o nome "morabitino": foi, com efeito, no século XII que esta moeda – cujo nome deriva da ocupação islâmica verificada no país – circulou (e cujos símbolos pretendiam demonstrar a

D. Dinis e a fronteira de Portugal

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Dizia um pequeno texto que há alguns anos encontrei no "Museu do Dinheiro", em Lisboa, o seguinte: "Com apenas 17 anos, D. Dinis (1261-1325) iniciou um longo reinado que o consagrou como um dos monarcas de maior relevância na sua época. Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa, e impulsionou estrategicamente o comércio nacional e internacional. A ele se deveu a grande importância dada, nesta época, ao ensino, à língua portuguesa e à cultura – merece destaque o vasto legado trovadoresco da sua autoria". Penso, no entanto, que a este interesse pela cultura e pela língua portuguesa não foi alheio o facto de D. Dinis ter sido o primeiro rei português que sabia ler… Mas quero, também, pronunciar-me em relação à frase "Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa". É certo que fixou a fronteira de Portugal nos últimos anos do século XIII mas tal poderá, na minha opinião, não significar nec

Máscaras

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Um dos títulos do "cardápio" livresco da editora Livros do Brasil é "Confissões de Uma Máscara" (do autor japonês Yukio Mishima). Ora, devo começar por admitir que nunca li este livro. Mas admito também que me lembro perfeitamente do facto de um militante de um partido político português ter, certa vez, considerado Portugal um "país de máscaras"*. No entanto, muito antes desta declaração já dois escritores haviam feito referência a esta opacidade: com efeito, o escritor checo Franz Kafka (que viveu entre 1883 e 1924) declarou o seguinte: "senti vergonha de mim mesmo quando percebi que a vida era um baile de máscaras e eu compareci com a minha verdadeira cara" enquanto que o autor italiano Luigi Pirandello (que viveu entre 1867 e 1936 e chegou a ser distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 1934) afirmou o seguinte: "encontrarás ao longo da vida - e não sem sofrimento - muitas máscaras e poucos rostos reais". E não se esta

O rei D. João III e a Cultura

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No volume III da "História de Portugal" coordenada por José Mattoso escreveu o historiador e docente universitário António Rosa Mendes o seguinte: "É inquestionável que sob D. João III ganhou vulto um fenómeno de "investimento na cultura" que, tanto quantitativa quanto qualitativamente, não teve precedentes na nossa história. A modernização do aparelho cultural respondia, aliás, e a um tempo, a solicitações que se prendiam com a necessidade de acertar o passo pelo da Europa evoluída e com as exigências do processo de concentração, racionalização e secularização do Poder - portanto, da própria construção do Estado moderno". Ora, confesso que não percebo, no entanto, como é possível afirmar que esse monarca tenha feito um "investimento na cultura" sem paralelo em Portugal quando a Inquisição – cuja acção se revelaria 'cheia' de perseguições, repressões e censuras – foi criada pelo Papa (Paulo III), sim, mas sob pressão do próprio D. João