Um errante na Rússia

Li, há dias, que no Museu Municipal de Penamacor se encontrava patente (e até Março de 2024) a exposição "Aroma, Ritual e Terapia – As Plantas na Religião Mosaica", alusiva aos duzentos e quarenta anos da morte de António Nunes Ribeiro Sanches (viveu entre 1699 e 1783). Com efeito, Ribeiro Sanches era filho de cristãos-novos e acabou por estudar filosofia e medicina em Coimbra e em Salamanca. Mas foi o ‘grande’ professor e médico neerlandês Herman Boerhaave (na Universidade e na própria cidade de Leiden) quem, reconhecendo a enorme capacidade de estudo e de trabalho de Sanches, o sugeriu e indicou para desempenhar funções junto do regime imperial russo de então: de facto, foi em 1731 que António Nunes Ribeiro Sanches se dirigiu à Rússia a convite da própria imperatriz Ana Ivanovna, sobrinha do também ele imperador russo Pedro, o Grande. Ora, fugindo à Inquisição em Portugal e, depois de percorrer alguns dos "centros de cultura" de então, acabou por rumar à Rússia: embora não tenha sido para a cidade russa de Perm – cujo lema actual é "Счастье не за горами" ("A Felicidade está ao virar da esquina", em português) – mas para Moscovo que o português se dirigiu, pensou que seria nesse país que encontraria, finalmente, a "felicidade ao virar da esquina": foi, sucessivamente, médico-chefe, médico do exército imperial e médico da Corte. No entanto, perante um novo imperador (Ivan VI) e, principalmente, por ser vítima de intrigas, acabou por sair da Rússia em 1747 dirigindo-se a Paris onde acabaria por falecer mais de trinta anos depois. Um verdadeiro "Aasvero"* do seu tempo, portanto. * O "Judeu Errante"

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