O Museu

O Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, inaugurou, há alguns anos já, uma exposição com o título "Museu das Descobertas". Escreveu, a propósito, no seu sítio na "Internet" o seguinte: "O efeito transfigurador que o museu tem sobre o visitante é consequência de um mundo insuspeito de saberes, aplicados no contínuo trabalho de preservar, estudar e comunicar dissipando engano e dúvida. O museu existe para proporcionar uma experiência pessoal a quem o visita, fruto daquela que desenvolvem os que nele trabalham, dia após dia. A experiência do museu assenta no ato magnético e muito pessoal da contemplação, e esta, por seu turno, origina-se no valor insubstituível do objeto como testemunho intemporal e redentor da capacidade criadora humana. Ao Museu Nacional de Arte Antiga pareceu oportuno levar a cabo a organização do presente projeto, abrigado sob a designação provocadora de Museu das Descobertas, num tempo que assiste a uma renovada atualidade do conceito de museu, amplamente ilustrada na febre constitutiva de novas instituições"*. Ora, é para mim evidente que o mero acto de se visitar um museu leva, desde logo, a construir-se uma reflexão sobre uma qualquer dimensão da nossa vida, enquanto pessoas mas, também, enquanto membros de uma colectividade a que se convencionou chamar "Sociedade". Dimensão passada ou presente: pode ser a escravatura, o colonialismo, a religião, a política, a história, a economia, a guerra, a saúde, a demografia ou a arte, por exemplo. Assim, considerem-se, também como exemplos, o "Museu do Prado" e o "Museu do Louvre". O primeiro, localizado em Espanha, é, segundo muitos, o núcleo museológico mais importante do país. O que quer que "importante" signifique… Mas de que é antigo é que não haverá dúvida. Nem de que a sua inauguração teve "mão" portuguesa: em 1819 por D. Maria Isabel de Bragança, filha de D. João V e irmã de D. Pedro (I no Brasil e IV em Portugal) e mulher do monarca espanhol Fernando VII. Já o "Museu do Louvre": presente em Paris, a capital de França, a direcção deste museu adquiriu recentemente a pintura concluída por artistas portugueses no século XVI "Ressurreição de Cristo". Mas é necessário, no entanto, e na minha opinião, conservar uma postura algo cautelosa também já que o referido museu francês detém exactamente 620 694 trabalhos (peças de arte) – ou, actualmente, 620 695… – sendo que ‘apenas’ 32 650** podem ser apreciados pelo público. Ou seja, cerca de 5% das peças do espólio do museu... * Existem actualmente em Portugal cerca de seiscentos e sessenta museus. ** Números divulgados por Anne de Wallens na conferência "Património sustentável, Museus sustentáveis: porquê, como e com quem?" que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no passado mês de Setembro (de 2023).
Post scriptum: abriu portas ao público no passado ano (em Outubro), em Barcelona, um museu. "Nada de extraordinário", dir-se-ia. Concordo. No entanto, tal museu pretendia acolher obras realizadas por artistas espanhóis e internacionais contemporâneos que tivessem sido objecto de censura (de índole religiosa ou política, por exemplo). Assim, foram expostos cerca de quarenta trabalhos (inicialmente apenas, suponho). Efectivamente, o tema do "Dia Internacional dos Museus" de 2024 (em 18 de Maio) foi "Museus, Educação e Pesquisa"...

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