O Crescente Infértil

Um dos ensinamentos que a professora de História que encontrei no 7.º ano de escolaridade quando há muitos anos frequentei a Escola me – "nos"... – transmitiu foi o porquê da origem da Agricultura e sua localização geográfica. Assim, esta havia ‘surgido’ na zona durante muito tempo designada "Crescente Fértil" (naquela região que actualmente se designa, no chamado Ocidente, por "Próximo Oriente" – ou "Médio Oriente" (nos territórios administrativamente e politicamente ocupados pelo Iraque, pela Síria, por Israel e por uma ‘parte’ do Irão.). Há cerca de doze mil anos. Bem antes da publicação (em 2006) do livro "A History of World Agriculture: From the Neolithic Age to the Current Crisis" – escrito pelos engenheiros agrícolas e investigadores franceses Marcel Mazoyer e Laurence Roudart.
No entanto, de acordo com dados recentemente divulgados pela "Food and Agriculture Organization" – a FAO, a agência da Organização das Nações Unidas responsável pela Alimentação e a Agricultura no mundo –, a "quantidade de água potável disponível nas regiões do Próximo Oriente e do Norte de África diminuiu 60% nas últimas quatro décadas!": se, efectivamente, se considerar que cerca de noventa por cento da água do Iraque – por assim dizer – provém do exterior (por exemplo, os rios Eufrates e Tigre nascem no Sul da Turquia e um conjunto de cursos de água (rios) nascem no Irão), o país está muito condicionado pela construção de barragens fora da sua fronteira política e administrativa. De facto, se a tudo ‘isto’ se acrescentarem as abundantemente chamadas “alterações climáticas” (menor quantidade de precipitação e, por exemplo também, a crescente evaporação da água em resultado do aumento da temperatura do ar) bem como a incapacidade política e de gestão de alguns agentes, perceber-se-á melhor, creio, o porquê de o Crescente já não ser (tão) fértil.

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