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A mostrar mensagens de outubro, 2023

Cultura asiática?

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É no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, que se podem ver os "biombos Namban". Pintados no Japão no século XVI (ou XVII?), os biombos retratam de uma forma um tanto ou quanto cinematográfica o momento da chegada, a essa terra, de uma nau dos "nambam jin" (os "bárbaros do Sul", como eram designados os portugueses): "homens com narizes grandes", "barbas cor de fogo" e "quatro olhos" (devido aos óculos). Ora, sem esquecer que aos portugueses coube, a partir de 1543, o ‘papel’ de intermediários no comércio da China com o exterior (o Japão, a Índia e a Europa, por exemplo), creio ser importante como que contrapor à interpretação física dos "nambam jin" uma outra. Escreveu, com efeito, o oficial de marinha, diplomata, jornalista e escritor português Wenceslau de Moraes (viveu entre 1854 e 1929) no seu "Dai-Nippon" acerca da postura dos japoneses na guerra contra a Rússia – no ‘início’ do século XX –, o s

O melhor de Disraeli

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"Enquanto o tolo se admira com algo, aquele que é sábio faz perguntas". Eis algo que Benjamin Disraeli – que era neto de um imigrante italiano judeu que se ‘dedicava’ à venda de chapéus e foi primeiro-ministro do Reino Unido em 1868 e depois novamente entre 1874 e 1880 – terá afirmado. Ora, embora não me considere, de todo, um "sábio", também eu me perguntava, por vezes, o que teria querido transmitir Disraeli quando afirmou que quando queria ler um romance escrevia um (originalmente "when I want to read a novel I write one"). Estaria a referir-se ao seu quotidiano político e governativo em que existiria uma grande 'dose' de fantasia pelo que não precisaria de Literatura? Ou, pelo contrário, aos seus 'dotes' para a Imaginação e para a Escrita? Assim, a resposta foi-me, entretanto, dada pela constatação do número de trabalhos escritos (romance, poesia, drama e não-ficção) que publicou como autor: vinte e sete. Ora, tendo em conside

A crise da Terra

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A capa da edição de um jornal que há já algum tempo folheei chamava a atenção dos potenciais leitores para uma "crise dos insetos" e descrevia-a como uma "catástrofe silenciosa que ameaça o planeta". Com efeito, creio que o livro "The Insect Crisis: The Fall of the Tiny Empires That Run the World" (ou, em Língua Portuguesa, "A Crise dos Insectos: A Queda dos Pequenos Impérios Que Governam o Mundo") que o jornalista britânico Oliver Milman escreveu e que foi publicado em Março de 2022 explicará esta "crise" entomológica (que afecta as cerca de 3,85 milhões de espécies de insectos que povoam o planeta) e aquela "catástrofe silenciosa". Ora, utilizei as palavras "creio" e "explicará" porque, admito, não consegui ainda ler este livro. Mas também admito, humildemente, que penso poder como que resumir a origem da crise zoológica (será apenas "zoológica"?) numa só palavra: "poluição"

A revolução, o revolucionário e o epitáfio

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Admito que não foi necessário ler o livro que o historiador francês François Furet (1927-1997) escreveu e que foi publicado em 1988 "La Révolution: 1770-1880" para compreender o que havia sido a "Revolução Francesa" (por assim dizer). Tal como não foi necessário lê-lo para descobrir os nomes dos principais intervenientes desse movimento revolucionário e as suas acções. Por exemplo, Maximilien Robespierre, um dos ‘cabecilhas’ da revolução, acabou ele mesmo por ser executado (guilhotinado) em 1794 porque, enquanto ‘arquitecto’ do chamado "Reino do Terror", havia causado a morte de milhares de cidadãos. Ora, embora admita também que não ‘padeço’ de "tafofilia" – o interesse, "patológico", por lápides e por cemitérios –, reconheço igualmente que já ‘encontrei’ as palavras que ‘ilustravam’ o suposto "epitáfio" na sepultura de Robespierre: "Passante, não chores a minha morte porque se eu vivesse tu morrerias" (e

Görtemaker e os conceitos

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"Eva Braun: Life With Hitler" (ou, na tradução em língua portuguesa, "Eva Braun: A Vida com Hitler"). É este o título original do livro escrito, em co-autoria, pela historiadora alemã Heike B. Görtemaker e publicado em 2011. Ora, se nada poderei (se o quisesse…) acrescentar ao que foi escrito neste e em muitos outros documentos sobre Eva Braun, quero, sim, fazer um pequeníssimo comentário a uma declaração feita por esta académica que há dias ouvi. "O Terceiro Reich mostra-nos como os conceitos são perigosos", disse. Com efeito, não concordei então e não concordo agora pois não penso nem que os conceitos sejam "perigosos", nem que, no 'caso', o "Terceiro Reich" - ou qualquer outro exemplo que se invoque - nos mostre "como os conceitos são perigosos". Julgo, sim, que é a utilização - ou "manipulação", se se preferir - que se faz dos referidos conceitos que os pode (repito: "pode") tornar &q

O Crescente Infértil

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Um dos ensinamentos que a professora de História que encontrei no 7.º ano de escolaridade quando há muitos anos frequentei a Escola me – "nos"... – transmitiu foi o porquê da origem da Agricultura e sua localização geográfica. Assim, esta havia ‘surgido’ na zona durante muito tempo designada "Crescente Fértil" (naquela região que actualmente se designa, no chamado Ocidente, por "Próximo Oriente" – ou "Médio Oriente" (nos territórios administrativamente e politicamente ocupados pelo Iraque, pela Síria, por Israel e por uma ‘parte’ do Irão.). Há cerca de doze mil anos. Bem antes da publicação (em 2006) do livro "A History of World Agriculture: From the Neolithic Age to the Current Crisis" – escrito pelos engenheiros agrícolas e investigadores franceses Marcel Mazoyer e Laurence Roudart. No entanto, de acordo com dados recentemente divulgados pela "Food and Agriculture Organization" – a FAO, a agência da Organização d