Vasco da Gama, Fernão de Magalhães e Stefan Zweig

Partiu de Lisboa – mais concretamente do "Restelo" – em 8 de Julho de 1497 a frota comandada pelo navegador Vasco da Gama com o objectivo de descobrir o caminho marítimo para a Índia passando pelo Cabo da Boa Esperança. Conseguiu-o uma vez que chegou a Calecute, importante cidade e entreposto comercial na costa ocidental da Índia em 17 – ou no dia 18 – de Maio de 1498. Demonstrou, assim, existir uma ligação marítima directa entre a Europa e a Ásia. Ora, tal aventura marítima foi o primeiro "passo" para a implantação do "Império Português do Oriente". Que apenas cessaria formalmente quinhentos anos depois: em 20 de Dezembro de 1999 com a administração política de Macau a ser a oficialmente assumida pela República Popular da China. Aproveito, de facto, o estar a recordar Vasco da Gama e o seu feito para lembrar também que foi já há alguns anos que um navio designado "Vasco da Gama" (construído, por sinal, em instalações pertencentes ao estaleiro chinês "Shanghai Waigaoqiao Shipbuilding") foi adicionado à frota de porta-contentores de uma companhia de transporte marítimo. De facto – e numa altura em que cerca de 90% do comércio realizado mundialmente era assegurado por via marítima –, esse navio conseguia, com os seus 399 metros de comprimento e 54 metros de ‘boca’, transportar 18 mil TEU (sendo que um TEU é uma unidade padrão de comprimento dos contentores que corresponde a um contentor com 20 pés/6 metros de comprimento). Na verdade, se se pudessem alinhar todos esses milhares de contentores, verificar-se-ia uma espécie de linha com mais de cem quilómetros de extensão*. Assim, tratou-se, pois, de uma muito oportuna e excelente homenagem ao grande navegador português! Ora, embora completamente diferente, também foi, na minha opinião, "completamente justa" a homenagem e o reconhecimento que o historiador e escritor austríaco Stefan Zweig (que viveu entre 1881 e 1942) prestou ao navegador português Fernão de Magalhães. Reconheço que não foi preciso folhear o livro que o autor austríaco escreveu sobre Magalhães para perceber a dimensão da sua importância para o mundo mas foi exactamente a ele que recorri para me ajudar a compreender de forma mais ‘profunda’ a grandeza da sua intervenção: "De todas as personagens e suas acções, a minha maior admiração recai nos feitos do homem que, na minha opinião, conseguiu alcançar o mais extraordinário na história da navegação: [Fernão de] Magalhães. A sua navegação foi, talvez, a maior odisseia na história da humanidade e reconheço que, apesar dos documentos atestando a autenticidade do seu heroísmo, senti estar a contar algo inventado sobre uma das lendas sagradas da humanidade, sendo que nada é tão magnífico como a Verdade com a aparência de Mentira!". * Compare-se, assim, tais medidas com as mesmas que, há vários séculos, caracterizaram "caravelas" e "naus": cerca de 22 e 35 metros de comprimento, respectivamente, e capacidade para transportar 'apenas' algumas centenas de toneladas de peso...

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