A estagnação e a VOC

Creio que foi antes da tomada de posse como ministro do XXIII governo de Portugal que o Professor António Costa Silva afirmou numa entrevista a uma/um jornalista do (jornal) "Negócios" o seguinte: "Sabemos que o PIB mundial esteve estagnado, da Idade Média* até à entrada do século XX". No entanto, sem pretender, evidentemente, refutar o conteúdo de tal intervenção, quero apenas lembrar que, de acordo com um estudo que tive a oportunidade de consultar há já alguns anos – publicado pela revista holandesa Duth Review em Dezembro de 2017 com o título "The Dutch East India Company was richer than Apple, Google and Facebook combined" –, se explicou que a Companhia Holandesa das Índias Orientais (a "Vereenigde Oostindische Compagnie") foi a empresa mais 'valiosa' em toda a História do mundo: cerca de 7.9 triliões de dólares (segundo as taxas de câmbio de 2017 e segundo um sistema numérico diferente do usado em Portugal).
E que foi também nesse mesmo ano (em 2017) que foi publicado um livro – "The Dutch East India Company: The History of the World’s First Multinational Corporation" – dando conta do poder económico (e político…) dessa empresa. Efectivamente, criada em 1602 como empresa privada a quem tinha sido concedido o monopólio do comércio das especiarias durante duas décadas (pelo que combateu ferozmente, por exemplo, a portuguesa Companhia das Índias), a empresa dos actualmente designados Países Baixos conseguiu atingir esse valor por volta do ano 1637. Ora, é exactamente esta referência ‘empresarial’ que penso ser fundamental ter-se presente quando se considerar a estagnação económica mundial acima aludida. * A "Idade Média" é a designação tradicional do período histórico que, no continente europeu, 'começa' nas invasões dos povos apelidados de bárbaros e do fim do Império Romano (que sucederam no século V) e ‘acabará’ no início dos também chamados Descobrimentos e do Renascimento (no século XV). Ou seja, a "Idade Média" durou cerca de mil anos.

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