Mensagens

A história da barragem nova

Imagem
Foi já em Abril de 2011 que as autoridades políticas da Etiópia decidiram, unilateralmente, desviar o curso de uma parte do rio Nilo para ‘encher’ aquele que seria, no final de 2022, o maior complexo hidroeléctrico de África. Decisão que, naturalmente, não foi do agrado, por exemplo, das autoridades egípcias. Ora, tal decisão não foi, porém, nova, nem sequer original, pois, por outros motivos, claro está, já Afonso de Albuquerque, na sua função de vice-rei da/na Índia do chamado "Império Português" (entre 1509 e 1515*), havia solicitado ao rei D. Manuel I que lhe enviasse os cabouqueiros que então estavam a construir as "levadas" (os canais para ‘conduzirem’ água) na ilha da Madeira para que desviassem, na referida Etiópia, o curso do rio Nilo para, assim, deixarem o Egipto depauperado de recursos hídricos – seca... – e, depois, em consequência, poder Portugal dominar sozinho o comércio com o Oriente. No entanto, tal proposta nunca avançou. * Record

Rodeado de idiotas?

Imagem
Nunca no planeta viveu tanta gente como agora: mais de oito mil milhões de pessoas. Mas também nunca como agora o isolamento social e psicológico foi tão grande: a própria "Organização Mundial da Saúde" veio já declarar a solidão como um perigo para a saúde global. Contra-senso? Talvez não. Disse, certo dia, o pintor francês Eugène Delacroix (que viveu entre 1798 e 1863) o seguinte: "O Homem é um animal sociável que detesta o seu semelhante". Ora, não tendo necessariamente partido deste como que posicionamento mental, o autor e perito no comportamento humano Thomas Erikson (nascido na Suécia em 1965) escreveu, há já alguns anos, "Surrounded by Idiots" (ou, na versão portuguesa, "Rodeado de Idiotas"). Nele aborda, através de vários exemplos, atitudes que se poderão adoptar para, fundamentalmente, o leitor se conhecer melhor e, assim, conhecer melhor o Outro e interagir mais assertivamente com ele. Assim, talvez se conseguisse assumir que o

O Homem e a Terra

Imagem
"O Homem estará bem se o planeta estiver bem". Foi esta a frase que um determinado candidato de uma lista de um partido político participante no próximo acto eleitoral (a ter lugar em 9 de Junho de 2024) proferiu, certa vez, num tempo de antena radiofónico. De facto, já o poeta inglês William Blake (que viveu entre 1757 e 1827) havia escrito – no seu "Songs of Innocence and of Experience" – que "Onde o Homem não está a Natureza é um deserto". Ora, haverá, no entanto, estou certo, quem concorde com a espécie de união de bem-estar existente entre o Ser Humano e o planeta Terra, sim, mas se se servisse de uma outra frase para a descrever: "O planeta estaria bem se o Homem estivesse bem"...

O Museu

Imagem
O Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, inaugurou, há alguns anos já, uma exposição com o título "Museu das Descobertas". Escreveu, a propósito, no seu sítio na "Internet" o seguinte: "O efeito transfigurador que o museu tem sobre o visitante é consequência de um mundo insuspeito de saberes, aplicados no contínuo trabalho de preservar, estudar e comunicar dissipando engano e dúvida. O museu existe para proporcionar uma experiência pessoal a quem o visita, fruto daquela que desenvolvem os que nele trabalham, dia após dia. A experiência do museu assenta no ato magnético e muito pessoal da contemplação, e esta, por seu turno, origina-se no valor insubstituível do objeto como testemunho intemporal e redentor da capacidade criadora humana. Ao Museu Nacional de Arte Antiga pareceu oportuno levar a cabo a organização do presente projeto, abrigado sob a designação provocadora de Museu das Descobertas, num tempo que assiste a uma renovada atualidade do conceito de

Os emoglifos

Imagem
Foi no passado dia dezassete de Julho que se assinalou, em 2023, o "Dia Mundial do Emoji". Mas foi já em Dezembro de 2019 que o Museu de Israel, em Jerusalém, abriu ao público a exposição "Emoglyphs". Ora, limito-me a citar (depois de traduzir, claro) o texto na página a ela dedicada que o sítio do museu na "Internet" então publicou: "A escrita hieroglífica nasceu no Egipto há cerca de cinco mil anos. Inicialmente composta por centenas de imagens, a passagem do tempo ditou que essas mesmas imagens fossem substituídas por um código escrito contendo aproximadamente vinte sinais que constituem, ainda hoje, a cultura ocidental escrita*. Ora, poderia parecer, em dado momento da História, que a escrita através de imagens – ou, se se quiser, símbolos – havia sido abandonada para sempre. No entanto, num século XXI essencialmente digital, a imagem/símbolo – agora designada por emoji – "regressou à escrita com toda a força". Assim, esta exposição

A proeza de "Lord Byron"

Imagem
O lema escolhido pela "Federação Internacional de Natação" para assinalar o seu centésimo aniversário (em 2008) foi "Water is Our World" ("A Água é o Nosso Mundo", em língua portuguesa). Ora, é claro que poderá também ter sido, ainda que de forma involuntária, uma espécie de alerta para as consequências das alterações climáticas que já então exigiam – e poderão vir a exigir cada vez mais no futuro – a adopção de competências técnicas como a habituação ao meio aquático ou o saber nadar. Mas, ainda muito ‘longe’ das referidas "alterações climáticas", também havia já quem estivesse habituado ao "meio aquático", soubesse "nadar" e assumisse que a água era o seu mundo. De facto, como refere o livro que a escritora Luísa Costa Gomes publicou há já alguns anos – "Afastar-se" (originalmente publicado em 2021) –, "Lord Byron", o poeta inglês que viveu entre 1788 e 1824, foi como que o fundador da natação de compe

O livro e a distracção

Imagem
Assinala-se hoje, 23 de Abril, o "Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor". Com efeito, perguntava-se há exactamente um ano, num jornal, o seguinte: "Na era da distracção permanente ainda conseguimos ler um livro?". Penso que esta é, de facto, uma questão cada vez mais pertinente. Desde logo porque assume que este é um tempo em que tudo é feito para distrair o Ser Humano da realidade que o envolve. E que é, muitas vezes, penosa: por exemplo, a escritora norte-americana Jane Wagner (nascida em 1935) afirmou, certa vez, que a “realidade é a maior causa de stress para os que têm que lidar com ela”. Por exemplo, a personagem "Howard Beale", interpretada pelo actor Peter Finch no filme "Network" (de 1976), referiu, em dado momento, o seguinte: "A televisão não é a Verdade. A televisão é um maldito parque de diversões. A televisão é um circo, um corso carnavalesco, um conjunto de acrobatas, de contadores de histórias, de dançarinos, de