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As facas do cardeal e as do nazismo

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Foi um ministro do monarca francês Luís XIII – o cardeal de Richelieu – quem, segundo a tradição, terá inventado a faca para utilizar durante as refeições. Terá, de facto, sugerido que, ao contrário das demais, fossem usadas facas de mesa (por assim dizer) que tivessem a extremidade curva em vez de pontiaguda para não servirem como palito. Ora, foi precisamente sobre "facas" que escreveu também o historiador e escritor gaulês Max Gallo (1932-2017). Com efeito, "A noite dos facas longas" foi o título escolhido para a obra que este autor havia escrito e que foi publicada em 1972 sobre um ‘episódio’ do poder nacional-socialista alemão: "A Noite das Facas Longas" (ou, na língua alemã, "Nacht der Langen Messer") foi uma "purga" que teve lugar na cúpula do poder "nazi" na Alemanha. Em 1934. "Purga" que, como sempre ao longo da História, envolveu a eliminação física de indivíduos que, no ‘vértice’ do poder político v

Garrett: a Verdade e a Mentira

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Foi em 9 de Dezembro de 1854 que, em Lisboa, faleceu João Baptista da Silva Leitão d’Almeida Garrett. Que nascera no Porto no penúltimo ano do século XVIII (em 1799). Ardente defensor dos ideais liberais, foi autor, por exemplo, do texto dramático "Falar Verdade a Mentir" – adaptação para a realidade portuguesa de então de uma obra escrita pelo autor francês Eugène Scribe (que viveu entre 1791 e 1861), "Le Menteur Véridique" – sendo que foi este representado pela primeira vez em Lisboa e em 1845.

Silvas há muitos

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Desconheço completamente se o jornalista e escritor norte-americano Daniel Silva (que nasceu em 1960) tem ou não ascendência étnica em Portugal ou num outro país de língua oficial portuguesa, por exemplo. Já que o seu apelido – "Silva" – o poderia sugerir*. Ora, o general romano que governava a província da Judeia aquando da chamada "chacina de Massada" – ocorrida setenta e dois anos depois da suposta data do nascimento de Jesus Cristo – chamava-se Flavius Silva. * Já muito se escreveu desde o fim da Guerra Civil Americana, em 1865. Sobre a "União" (o "Norte"), a "Confederação" (o "Sul") e a Escravatura, entre outros. Na verdade, muitos (alguns…) destes escritos estiveram na origem de argumentos cinematográficos. Por exemplo, o enredo do filme "The Little Colonel" – ou "O Pequeno Coronel" –, ‘lançado’ em 1935 foi baseado na história homónima publicada exactamente quatro décadas antes (em 1895, po

D. Dinis e a fronteira de Portugal

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Dizia um pequeno texto que há alguns anos encontrei no "Museu do Dinheiro", em Lisboa, o seguinte: "Com apenas 17 anos, D. Dinis (1261-1325) iniciou um longo reinado que o consagrou como um dos monarcas de maior relevância na sua época. Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa, e impulsionou estrategicamente o comércio nacional e internacional. A ele se deveu a grande importância dada, nesta época, ao ensino, à língua portuguesa e à cultura – merece destaque o vasto legado trovadoresco da sua autoria". Penso, no entanto, que a este interesse pela cultura e pela língua portuguesa não foi alheio o facto de D. Dinis ter sido o primeiro rei português que sabia ler… Mas quero, também, pronunciar-me em relação à frase "Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa". É certo que fixou a fronteira de Portugal nos últimos anos do século XIII mas tal poderá, na minha opinião, não significar nec

Fegelein e Kaltenbrunner

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Foi em 1930 que, como tantos outros alemães, Hans Fegelein se alistou no Partido Nacional Socialista alemão. O partido "nazi". E foi progredindo na hierarquia do partido: chegou a ser "ajudante" de Heinrich Himmler, o todo-poderoso chefe das SS ("Schutzstaffel"). Quando Himmler, pressentindo a derrota alemã – na II Guerra Mundial – tentou negociar com as potências aliadas às ‘escondidas’ de Adolf Hitler, deixou de ser "fiel" e passou a ser "traidor": Hitler mandou prendê-lo (e a Fegelein também, por ‘arrasto’). Ora, Himmler logrou escapar mas Fegelein não. Preso, terá sido executado por deserção já que tentava fugir quando foi capturado. Só que havia entretanto casado com Gretl Braun, a irmã de Eva Braun – supostamente, a amante de Hitler: os apelos para evitar a execução não surtiram qualquer ‘efeito’ e Fegelein terá mesmo acabado por ser executado em Abril de 1945. Cerca de duas horas após a sua morte, Adolf Hitler casou com Ev

Um errante na Rússia

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Li, há dias, que no Museu Municipal de Penamacor se encontrava patente (e até Março de 2024) a exposição "Aroma, Ritual e Terapia – As Plantas na Religião Mosaica", alusiva aos duzentos e quarenta anos da morte de António Nunes Ribeiro Sanches (viveu entre 1699 e 1783). Com efeito, Ribeiro Sanches era filho de cristãos-novos e acabou por estudar filosofia e medicina em Coimbra e em Salamanca. Mas foi o ‘grande’ professor e médico neerlandês Herman Boerhaave (na Universidade e na própria cidade de Leiden) quem, reconhecendo a enorme capacidade de estudo e de trabalho de Sanches, o sugeriu e indicou para desempenhar funções junto do regime imperial russo de então: de facto, foi em 1731 que António Nunes Ribeiro Sanches se dirigiu à Rússia a convite da própria imperatriz Ana Ivanovna, sobrinha do também ele imperador russo Pedro, o Grande. Ora, fugindo à Inquisição em Portugal e, depois de percorrer alguns dos "centros de cultura" de então, acabou por rumar à Rússia

A guerra e o navio

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Desconhecedor que sou da língua japonesa, não sei por que motivo se decidiu, no Japão, designar um navio por "Maru". Nem, ainda, "Lisbon"*. Aquilo que sei, com efeito, é o que se pode ler numa das páginas do primeiro volume da obra "A Segunda Guerra Mundial" que o historiador britânico Martin Gilbert escreveu (e que a "Publicações Dom Quixote" editou em Novembro de 1989): "No Extremo Oriente, no dia 1 de Outubro [de 1942], um torpedo atingiu o barco japonês Lisbon Maru**, que começou a afundar-se. A bordo estavam 1816 prisioneiros de guerra britânicos, seguindo de Hong Kong a caminho do Japão. Quando os prisioneiros tentaram sair do barco que se afundava, os japoneses mantiveram as escotilhas fechadas. Depois, enquanto o barco continuava a ir ao fundo, algumas centenas dos homens conseguiram sair. Os japoneses abriram fogo sobre eles. Os que puderam saltar para a água e tentaram subir para alguns dos quatro navios japoneses que ali se