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A mostrar mensagens de novembro, 2023

D. Dinis e a fronteira de Portugal

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Dizia um pequeno texto que há alguns anos encontrei no "Museu do Dinheiro", em Lisboa, o seguinte: "Com apenas 17 anos, D. Dinis (1261-1325) iniciou um longo reinado que o consagrou como um dos monarcas de maior relevância na sua época. Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa, e impulsionou estrategicamente o comércio nacional e internacional. A ele se deveu a grande importância dada, nesta época, ao ensino, à língua portuguesa e à cultura – merece destaque o vasto legado trovadoresco da sua autoria". Penso, no entanto, que a este interesse pela cultura e pela língua portuguesa não foi alheio o facto de D. Dinis ter sido o primeiro rei português que sabia ler… Mas quero, também, pronunciar-me em relação à frase "Fixou as fronteiras de Portugal, cuja configuração é a mais antiga da Europa". É certo que fixou a fronteira de Portugal nos últimos anos do século XIII mas tal poderá, na minha opinião, não significar nec

Fegelein e Kaltenbrunner

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Foi em 1930 que, como tantos outros alemães, Hans Fegelein se alistou no Partido Nacional Socialista alemão. O partido "nazi". E foi progredindo na hierarquia do partido: chegou a ser "ajudante" de Heinrich Himmler, o todo-poderoso chefe das SS ("Schutzstaffel"). Quando Himmler, pressentindo a derrota alemã – na II Guerra Mundial – tentou negociar com as potências aliadas às ‘escondidas’ de Adolf Hitler, deixou de ser "fiel" e passou a ser "traidor": Hitler mandou prendê-lo (e a Fegelein também, por ‘arrasto’). Ora, Himmler logrou escapar mas Fegelein não. Preso, terá sido executado por deserção já que tentava fugir quando foi capturado. Só que havia entretanto casado com Gretl Braun, a irmã de Eva Braun – supostamente, a amante de Hitler: os apelos para evitar a execução não surtiram qualquer ‘efeito’ e Fegelein terá mesmo acabado por ser executado em Abril de 1945. Cerca de duas horas após a sua morte, Adolf Hitler casou com Ev

Um errante na Rússia

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Li, há dias, que no Museu Municipal de Penamacor se encontrava patente (e até Março de 2024) a exposição "Aroma, Ritual e Terapia – As Plantas na Religião Mosaica", alusiva aos duzentos e quarenta anos da morte de António Nunes Ribeiro Sanches (viveu entre 1699 e 1783). Com efeito, Ribeiro Sanches era filho de cristãos-novos e acabou por estudar filosofia e medicina em Coimbra e em Salamanca. Mas foi o ‘grande’ professor e médico neerlandês Herman Boerhaave (na Universidade e na própria cidade de Leiden) quem, reconhecendo a enorme capacidade de estudo e de trabalho de Sanches, o sugeriu e indicou para desempenhar funções junto do regime imperial russo de então: de facto, foi em 1731 que António Nunes Ribeiro Sanches se dirigiu à Rússia a convite da própria imperatriz Ana Ivanovna, sobrinha do também ele imperador russo Pedro, o Grande. Ora, fugindo à Inquisição em Portugal e, depois de percorrer alguns dos "centros de cultura" de então, acabou por rumar à Rússia

A guerra e o navio

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Desconhecedor que sou da língua japonesa, não sei por que motivo se decidiu, no Japão, designar um navio por "Maru". Nem, ainda, "Lisbon"*. Aquilo que sei, com efeito, é o que se pode ler numa das páginas do primeiro volume da obra "A Segunda Guerra Mundial" que o historiador britânico Martin Gilbert escreveu (e que a "Publicações Dom Quixote" editou em Novembro de 1989): "No Extremo Oriente, no dia 1 de Outubro [de 1942], um torpedo atingiu o barco japonês Lisbon Maru**, que começou a afundar-se. A bordo estavam 1816 prisioneiros de guerra britânicos, seguindo de Hong Kong a caminho do Japão. Quando os prisioneiros tentaram sair do barco que se afundava, os japoneses mantiveram as escotilhas fechadas. Depois, enquanto o barco continuava a ir ao fundo, algumas centenas dos homens conseguiram sair. Os japoneses abriram fogo sobre eles. Os que puderam saltar para a água e tentaram subir para alguns dos quatro navios japoneses que ali se

O Poder do Dinheiro

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No livro "The Power of Money: How Governments and Banks Create Money and Help Us All Prosper" (publicado em Maio de 2023) o economista de nacionalidade australiana e norte-americana Paul Sheard conclui que "a dívida contraída pelos governos não tem nunca que ser paga". Efectivamente, talvez o facto da dívida dos vários governos do mundo ascender actualmente a cerca de 300 triliões (ou seja, um milhão de biliões em Portugal ou trezentos acompanhado de dezoito zeros) de dólares norte-americanos ajude a corroborar esta conclusão. Mas, por exemplo, segundo o que tenho vindo a ler nalguma imprensa, o que mais preocupa alguns economistas baseados no continente europeu no momento presente é a "estagflação". Com efeito, "estagflação" significa, basicamente, que "a economia de um país apresenta, simultaneamente, um cenário de inflação, estagnação do desenvolvimento económico e aumento do desemprego". Se, na verdade, qualquer manual d

O Terramoto de 1755

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Assinala-se hoje, em Portugal também, o "dia de Todos os Santos". Mas assinala-se hoje igualmente uma ocorrência que matou milhares de pessoas: o "Terramoto de 1755" (há precisamente duzentos e sessenta e oito anos, portanto): foi, efectivamente, em 1 de Novembro de 1755, cerca das 9h30, que o continente português (não somente a tantas vezes invocada Lisboa e o território actualmente correspondente ao "distrito de Setúbal" mas também a costa alentejana e a do Algarve) foi ‘sacudido’ por um terramoto que, supõe-se actualmente, terá atingido os nove graus da "Escala de Richter"*. Ora, num país em que a maioria da população professava o catolicismo, as igrejas estavam a abarrotar** para se celebrar os dias de Todos os Santos e o de Finados. Estima-se, com efeito, que cerca de um terço das cerca de trezentas mil pessoas que então habitavam Lisboa tenha perecido em consequência dos sete a oito minutos que terá durado o sismo – e das suas dezenas d