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A mostrar mensagens de agosto, 2023

O espaço e o livro

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É a partir da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em língua inglesa) que se irá desenvolver a missão "Huginn". Ora, a editora que no final da década de 1990 decidiu publicar em Portugal o livro que viria depois a ser considerado a "Bíblia" do Nacional-Socialismo (ou "Nazismo") - "Mein Kampf" ("A Minha Luta") - chamava-se, precisamente, "Hugin"... Aproveito para lembrar, de resto, que "Mein Kampf" foi escrito por Adolf Hitler enquanto cumpria pena de prisão (em Landsberg) devido a uma tentativa de golpe de Estado ("putsch") e mais tarde encarado como o "anunciador" (a que poucos deram a devida atenção...) de toda a barbárie que se seguiu.

Pôncio e a Verdade

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No filme "Maigret et la Jeune Morte" que o realizador francês Patrice Leconte filmou em 2022, a personagem interpretada por Gérard Depardieu, Jules Maigret, profere, em certo momento, as seguintes palavras: "O meu trabalho é procurar aquilo que se costuma designar "a Verdade"". Ora, recordei imediatamente um pequeníssimo excerto que se encontra reproduzido num dos livros da Bíblia: o "Evangelho segundo João". Efectivamente, o capítulo Jo 18 do "Evangelho segundo João" dá conta de uma espécie de duelo filosófico durante o julgamento de Jesus Cristo entre este, precisamente, e Pôncio Pilatos, então o governador de Roma na Judeia. – "Dizes que eu sou um rei. Efectivamente, a razão por que nasci e vim ao mundo é testemunhar a Verdade. Todos quantos estejam do lado da Verdade me ouvem", afirmou Jesus. – "O que é a Verdade?", retorquiu Pilatos.

Hamnet e Hamlet

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Eis a nota histórica com que a autora britânica (com origem na Irlanda do Norte) Maggie O’Farrell ‘abre’ a sua obra de ficção "Hamnet: A Novel of The Plague" (originalmente publicada em 2020): "Um casal a viver, na década de 1580, na Rua Henley, em Stratford, Inglaterra, tinha três filhos: Susanna, Hamnet e Judith (estes dois últimos eram gémeos). O rapaz, Hamnet, morreu em 1596 com onze anos de idade. Cerca de quatro anos depois, o seu pai acabou de escrever uma peça para teatro intitulada Hamlet". William Shakespeare nasceu em Abril de 1564 e faleceu em Abril de 1616. Ora, todos os anos, a pequena cidade britânica onde nasceu e faleceu, Stratford-upon-Avon, acolhe não apenas um Festival Literário mas também milhões de turistas que querem calcorrear as ruas e os locais que um dos mais famosos (se não mesmo o mais famoso...) escritores de língua inglesa terá percorrido. Mas, de acordo com o britânico The Shakespearean Autorship Trust, "há quatro séculos q

O "memento mori" e o "memento vivere"

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Sempre que na capital do Império Romano se verificava a volta de consagração por parte de um general – ou, até, do próprio imperador – depois da vitória numa batalha*, por exemplo, existia uma pessoa – geralmente, um sacerdote – que tinha como que uma dupla função: segurar na coroa de louro(s) oferecida ao homenageado durante esse périplo e dizer, constantemente, "lembra-te que vais morrer" – o "memento mori"… Ou seja, lembrar a efemeridade da glória (o que será a "glória", já agora?) e da vida. Ora, o título do último livro escrito pelo filósofo francês Pierre Hadot (que nasceu em 1922 e morreu em 2010), "não te esqueças de viver", foi seleccionado precisamente para transmitir uma perspectiva da vida diferente da do "memento mori": sendo a morte uma inevitabilidade biológica, deve aproveitar-se a vida... * Efectivamente, a mesma língua - o latim - que concebeu a palavra "bellum" ("guerra", em língua p

Os livros e a censura

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Foi já em 2019 que alguns funcionários de uma biblioteca – supus então que fosse pública – localizada na zona Noroeste da China queimaram, na sequência de uma ‘limpeza’, mais de meia centena de livros considerados ilegais. E foi ainda nesse mesmo ano que um estabelecimento escolar na região canadiana de "Ontario" levou também a cabo uma espécie de auto-de-fé literário ao queimar algumas dezenas de livros já que o conselho religioso que superintendia a escola considerou que os mesmos tinham conteúdos desapropriados para serem ensinados. Ora, tais actos inquietaram-me muito por duas razões (sem qualquer ‘relação’ entre si, aliás): desde logo porque sendo o objecto "livro" preciosíssimo (para mim, evidentemente), creio que seria incapaz de o destruir de forma voluntária (não que tais funcionários o tivessem feito, bem entendido); e também me inquietou porque me lembrei novamente das palavras que Heinrich Heine – poeta alemão que viveu entre os séculos XVIII e XIX (1